e autoficções

Deixo aqui esta página com o fim único de me lembrar que o acaso também é corregedor de mentiras. Um homem que começa mentindo disfarçada ou descaradamente acaba muita vez exato e sincero. M. A.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

das fissões alheias

soube outro dia de um menino q se chamava josé . muito aborrecido por ter suportado aquele nome sua vida inteira de menino . vida inteira de menino na escola, na rua, vida inteira de gente q pergunta "qual o seu nome?" : "josé" . vida inteira dessa mesma gente q fala em seguida : "mas josé o quê?" "josé henrique, josé carlos, josé augusto?". vida inteira de menino q fica parado olhando a pergunta ouvida, q vai ecoando pro resto . . . enfim .


chegou para josé um dia daqueles em q seu argumento é refutado .
(um q sempre servia para responder aos colegas da rua e da escola)  .

: q era - josé e só - porque foi mais barato
 "mamãe é pobre e um nome pequeno foi o q deu pra pagar" . mas o menino grande falou : "seu burro qualquer nome é o mesmo preço!" 

chegou josé de oito anos e com muita raiva para a mãe e falou:

"se era tudo do mesmo preço pq colocou só josé?!"


quinta-feira, 9 de junho de 2011

em metástase. . .

rubrica: retórica.
“figura que consiste em rejeitar por conta de outro as coisas que o orador é forçado a confessar”


usualmente conhecida pelo sentido neoplásico, ou seja, pelo caráter invasivo do processo patológico de células cancerígenas num organismo . a metástase é também registro da fonética, denominando os movimentos articulatórios na produção de som . todavia, como figura da retórica, ainda não havia me dado a saber .

quando “mudamos o rumo da prosa”, trocando de assunto estrategicamente, estamos fazendo uso dessa figura retórica, a metástase.


no Jardim de Infância (chamava assim!) no primeiro dia após as férias cheguei cedo . como nunca pegava um escorregador vazio : me lambuzei. escorreguei de bunda, de lado, do outro até q inventei escorregar de barriga, resultado: esfreguei a cara até gastá-la no cimento. 

tb no Jardim participei de uma "dancinha". eu era a borboleta . amei vestir um "colan" (q hj se chama body), colocar asinhas feitas de crepon e cartolina, mamãe confeccionou, naquele tempo confiava nela, o q estava prestes a mudar . . . após arrasar pelas ruas com aquela indumentária chegamos na escola e e e. mamãe havia entendido mal o horário e tudo TUDO aconteceu pela manhã .  

na primeira série, numa aula de "contar estórias" alguém lançou a deus-dará (me fizeram acreditar nisso) uma lasca de madeira q encontrou meu olho esquerdo e fez um corte na pálpebra inferior.

na segunda série, enquanto eu olhava os diabretes brincando de correr e correr e empurrar o outro fui vítima de um empurrão de cima de um ressalto no pátio onde estava : destronquei o pulso . com muita dor suportei aos berros e indiferença da bruxa-professora até o final da aula, quando meu príncipe-pai chegou, me socorreu e acalentou . no dia seguinte queimou a bruxa-professora numa fogueira no centro da cidade . todos alunos sentiram-se então aliviados neste dia .

na terceira série começaram meus problemas com a aparência : muito magra, nariguda . . .

isso tudo só piorou nas séries seguintes . . . só foi melhorar quando me mudei para o ES, onde encontrei espelhos quebrados por toda parte . a partir de então.




tenho mal-estar de comer sozinha em restaurantes . tenho tb vontade de comer no ru da ufes, mas nunca tenho companhia . no dia em q encontrei alguéns, fui de vela totalmente me empurrando goela abaixo das companhias, enfim ia comer no ru! 

E NÃO HAVIA FILA,  É !  

ESTAVAM EM GREVE .


:^( 

sábado, 21 de maio de 2011

agora a pouco tomei um banho beeem quente - o clima está ótimo em vitorinha - e o calor carinhoso da água foi gracioso . urgente .

depois de me enxugar, aah como isso é maravilhoso! a superfície e suas sensações ... enfim,

o espelho parou em minha frente, resolvi ajeitar o eterno rabo-de-cavalo e olhei meus olhos, boca, nariz, minha face tão estreita, umas poucas manchas resultante da maternidade, algumas se assemelham à minúsculas sardas . mas o q mais gostei de ver nessa mulher foi o nariz .

não é um nariz bonito. mas traz tanto dela . ela poderia ser esse nariz e existir só nariz com braços e pernas e ser um vivente e feliz órgão olfativo . 

ele é um nariz grande, não tucano . o septo é levemente côncavo e a ponta é protuberante com um discreto traço entre as narinas .

ah, ele tb sofre de rinite, desvio de septo e de tédio .

Ele sempre fala: a felicidade é grotesca!

coisa porca e fedida, diz ele. renitente continua a florsolfar :


a constante monotonia  deve ser constantemente  recusada . ainda q em vão . aceitar é apodrecer bonita-vida na sensibilidade q se limita:
                        a ordeira e cristalizante felicidade . 



domingo, 15 de maio de 2011

queria muito poder dizer q onde eu mais gostaria de estar hoje é aqui, nesse lugar, exatamente como .


anseio abstração .


rasante assim .

sábado, 14 de maio de 2011

estou tendo outras alucinações, quando olho para o rosto das pessoas vejo nelas outro par de olhos abaixo dos olhos .

não acontece sempre, nem com todas as pessoas q observo . é assim, presto atenção enquanto olho, de repente sinto um deslocamento na atenção, daí olho fixamente a pessoa e lá está: um par de olhos extras!



entender o q dizem as pessoas quando escrevem ou ainda como escritos, textos ambulantes, gesticulosos ... é bem esquisito .  elas expressam e pronto! o meio é a mensagem, as pessoas e suas mensagens.


eu sou a mensagem, oh zeus!
mensonge

olho por muito tempo os corpos q leio, está dito ... enfim .

mas a mensagem é captura concedida a aprioridade. tudo já está feito ali . quando sou lida ou leio: não há prótese q dê conta daquilo q foi feito para ter sido . e foi . e é . não há cautelas, no entanto.

escrevo < vc escreve < leio < vc lê > foda-se .

o prisma não tem compaixão . 


MAS apesar disso tudo (do seu esforço) algo no sentido sempre será fossível. 


calar os olhos com uma incisão?


quarta-feira, 27 de abril de 2011

para qualquer mal q me suceda encontro o paliativo perfeito num banho .

noite mal ou bem dormida
ressaca
dor de cabeça
náusea e/ou vômitos
caganeira
dor no corpo
tristezas (todas)
raiva (todas)
dor de dente
outras tantas dores
. . .

enfim . e banho QUENTE!  por favor.

conforme o clima, pode variar para quentíssimo . pq, ora bolas, água fria e sua potencialidade rejuvenescedora e estimulante e tal, para mim não passa de mito . ou vc gosta de água fria ou de água quente .
detesto tanto água fria q a simples imagem mental já me causa calafúria. por isso

piscinas (hidroginática, natação)
praias
banhos de mangueiras
chuva

passo longe .

chuva (a melhor das opções) já até me entreteve, pq achava o máximo ficar na chuva, quando enjoava daquilo ia direto para um banho beeem quente. aaah, q delícia!

banho de mar, afff! nem pensar, aquele trem cheim de ondas . pra lá e pra cá , me repuxando, ameaçando me carregar para as profundezas . e o pior : geladíssimo! quantos caldos! arranhões, nariz e olho ardendo, gosto horrível na boca...desisti! Só admiro, ele lá, fora de mim .

preciso de hidroginástica, mas já avisei : "só se a piscina for bem quente" .  já me avisaram : "é só quebrando a friagem" : tou fora!

banhos de mangueira eram legais na infância em minas, no primeiro dia do ano . acabou .

no mais, me tornei uma pessoa muito muito tensa (!) água quente é terapia de relaxamento e prazer .

imagina aquela água em gotículas constantes, quentinhas e aconchegantes acarinhando seu corpo . é o mais perto do perfeito q já encontrei. um abraço de alguém querido é muito bom, mas às vz estamos duros demais para o outro . daí, a água q nada reclama envolve macia amaciando essa carne dura e angulosa como nada mais seria capaz .

ou mesmo possível .

        

domingo, 24 de abril de 2011

das raras vezes q assisto tv ontem foi uma . na verdade nem assistia, sentei na frente, meio de lado pra ser sincera e fiquei fazendo cera : olhando um filme besta . mas não era aquilo q assistia naquele momento .

a claridade da janela refletia na tela e ficavam duas imagens digladiando : o filme besta e o reflexo da janela.

Ora eu olhava o filme, pq pensava apenas nele e só o via, o reflexo lá, em segundo plano. ora fazia o inverso, deixava o filme em segundo plano e via somente a janela enviesada na tela.

fiquei um tempo assim, nesse jogo .

perseguindo uma imagem em detrimento a outra. percebendo nisso  a repetição
alegórica do q se faz normalmente com tudo . no caso das pessoas há uma pluralidade de reflexos e uma imagem em movimento . 
pq pessoa é assim .

mas e eu?
q cara ver hoje naquela porra de espelho : essa a diferença entre mim e o q o outro vê : não dá pra escolher : o estado de espírito nada santo escolhe a carranca e pronto!

 engulam
sem mastigar
tanto!